"Redescobrindo a Rússia…
A 1ª vez que visitei este país foi em pleno Verão russo…que a mim pareceu um Verão indonésio, tal era o calor e a humidade que se faziam sentir! Durante o curto Verão, os dias são intermináveis…o Sol nasce às 4h da manhã e põe-se à 23h...não chega a cair a noite negra…e a Lua vive 2 meses em céu partilhado com o seu amor impossível.
Apesar de muito marcante, não era a Rússia que imaginava encontrar…onde estavam os chapéus, os grandes casacos, as temperaturas negativas, a neve, os pinheiros salpicados de branco, o ambiente de tensão e guerra do épico Dr. Jivago? Essa era a imagem romanceada da Rússia que só pude vislumbrar senão num breve episódio da viagem para S. Petersburgo…na madrugada em que apanhei um comboio oriundo de um lugar longínquo, um comboio muito velho, com as luzes apagadas, de ambiente carregado, apinhado de gente, donde a camarata que me foi designada estava já habitada por dois homens enormes que dormiam nas suas “prateleiras”, semi-nus, a exalar um cheiro forte a transpiração…a camarata fervia…e foram cerca de 8hras de trajecto na penumbra da noite…senti-me na guerra, fugida de alguma zona de conflito!
Cinco anos passados, e voltei com o único propósito de ir ao encontro do Czar Camponov…que fui encontrar em perfeita harmonia e entrega ao seu destino! A sua única queixa é o ar quente e viciado do seu gabinete :)
As aventuras resumiram-se a Moscovo, pois em Novomoskovsk foi trabalho e descanso, e para mim apenas descanso! E um trambolhão no chão gelado!
A Praça Vermelha conserva em si uma curiosidade…quem está de frente para a Catedral de São Basílio, encontra do seu lado esquerdo o Gum, um requintadíssimo centro comercial (onde estão representadas maioritariamente marcas acessíveis apenas aos bolsos dos milionários…), um símbolo do capitalismo mesmo diante do Mausoléu de Lenine, que se situa do outro lado da praça…é a coexistência pacífica de dois mundos aparentemente antagónicos, e o reflexo da realidade dicotómica na qual está actualmente mergulhada a Mãe Rússia.
Para além da famosa praça, o Kremlin (só de fora!) e a Catedral de Cristo Salvador, foram passagens obrigatórias. Nesta última tivemos o privilégio de assistir à missa ortodoxa e à beleza inarrável do seu interior…uma espécie de Capela Sistina! No caminho deparámo-nos com um grupo de “noivas de Stº António” que, ignorando o frio glaciar, tiravam entusiasticamente fotografias junto de umas árvores metálicas feitas de cadeados com insígnias de casais.
Se desta vez pude desfrutar da Rússia do meu imaginário, não foi possível no entanto fazer passeios demorados pela imponente capital pois a neve e as temperaturas negativas (que até rondavam uns generosos -2), eram nossas inimigas assumidas. Em contrapartida, ficámos bem instalados num pequeno hostel de localização impossível (só mesmo com ajuda de detective!), situado numa zona rodeada de igrejas, onde a cada direcção que olhássemos podíamos ver as cúpulas douradas.
O único momento horribilis vivido foi na 6ºf, 13 (curioso!), chegados a um outro hostel, que se por um lado se localizava em plena Arbatskaya – uma rua pedonal repleta de lojas, cafés e restaurantes, com um muro de graffitis, grupos de hippies, turistas, em suma, a Rua Augusta da baixa lisboeta, ou a Rua de Stª Catarina no Porto –, pecava, pelo outro, pela imundice dos quartos, do WC misto, onde o lavatório era duplamente para lavar as mãos e a loiça suja proveniente da cozinha pestilenta e oleosa…O quarto que nos foi atribuído tinha o bónus de não 1 mas 2 fogões!!! e um lavatório infecto, e um balde do lixo…(com lixo!), somando-se a tudo isso um odor a cozinhados gordurosos, que se misturava com o cheiro a diluente, pois que estavam em renovações…do lado de fora…
Mas tudo acabou em bem…a operação lublu foi um sucesso:) "

afinal há gajas na rússia? belo pedaço que foste encontrar juoum!
ResponderExcluirEstá bem escrito!
ResponderExcluirAssalamu Aleikom